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Atividade Física, Esporte e Nutrição, Clima e Catástrofes Naturais, Economia e Política, Saúde Global

Muitos indicadores de saúde melhoraram na Indonésia, mas mortes e carga de doenças não transmissíveis aumentaram nas últimas três décadas

tsunami

A Indonésia é considerado o quarto país mais populoso e o maior país de maioria muçulmana do mundo, com cerca de 260 milhões de habitantes. Nas últimas três décadas, muitos indicadores de saúde melhoraram nesse país. Mas tais melhorias foram parcialmente compensadas pelo aumento das mortes e uma crescente carga de doenças não transmissíveis. Existem desafios substanciais para a governança, comunicação, transporte e a disponibilidade equitativa dos serviços básicos de saúde. É importante entender os padrões de morbidade e mortalidade para alocar recursos e lidar com a desigualdade.

 

Foi  publicado na revista “The Lancet”, um artigo – financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates – apontando os esforços para quantificar os níveis e as tendências a longo prazo na mortalidade, incapacidade e carga atribuível à riscos de doenças e lesões na Indonésia. Consta que foram usados os resultados do Estudo sobre a Carga Global de Doenças, Lesões e Fatores de Risco (GBD) 2016 para examinar a transição de saúde da Indonésia e 1990 à 2016 em comparação com sete países: Brasil, Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Turquia e Vietnã. O estudo Global Burden of Disease 2016 (GBD 2016) estima as fontes de morte prematura e incapacidade, que podem informar políticas para melhorar os cuidados de saúde. O Índice Sócio-demográfico foi utilizado, gerando os valores esperados para cada métrica e comparado com os resultados observados.

No início dessas décadas, o governo indonésio aprovou uma lei, iniciando o processo de descentralização. Nesse sistema, os chefes de cidades e distritos receberam responsabilidade pelos cuidados de saúde, com apoio técnico e financeiro. Isso representou maior autonomia para ambos ao atender às suas diversas populações.

A despesa total em saúde per capita triplicou desde 2000, com as despesas privadas respondendo por dois terços de todos os gastos com saúde. Em 2004, com os desafios, levaram à adoção nacional de um sistema abrangente de previdência social. E mais, a cobertura de saúde foi ampliada quase que imediatamente, com um programa limitado para as pessoas pobres, iniciado em 2005 e ampliado em 2008, além da adição, em 2010, de cobertura para serviços de cuidados pré-natal, parto e pós-parto.

Em 2014, foi lançado um programa nacional que visa fornecer cobertura de saúde para população, com pagamentos de prêmios modestos do governo dos pobres e próximos de pobre. O governo definiu 2019 como sua meta para o cadastramento de 95% da população – a conquista funcional da atenção universal à saúde.

Consta também, que foi apresentada a primeira avaliação abrangente em nível nacional do ônus de doenças na Indonésia para delinear desafios de saúde proeminentes na jornada da nação para a atenção universal à saúde. Essa análise representa o maior esforço sistemático até o momento para quantificar os níveis e as tendências de longo prazo na mortalidade, incapacidade e carga atribuível a riscos de doenças e lesões na Indonésia. O artigo servirá como um importante ponto de referência para um estudo subnacional previsto para 2018.

Entre 1990 e 2016, foi relatado que a expectativa de vida aumentou em 8 anos, para 71,7 anos. O aumento foi de 7,4 anos para homens e 8,7 para mulheres. Com este aumento, surge uma estrutura etária em mudança: 65% da população está agora em idade ativa e a população com 60 anos ou mais cresce, projetando 12% da população em 2025 e 16% em 2035. A manutenção da qualidade de vida dos indonésios mais velhos promete ser um desafio crescente, com mais de 25% deste grupo etário já a reportar pelo menos uma forma de deficiência. Ao mesmo tempo, a Indonésia deve lidar com padrões mistos e mutáveis ​​de morbidade, mortalidade e incapacidade dentro da sua realidade.

Os DALYs (anos de vida ajustados por incapacidade) totais devidos às causas contagiosas, maternas, neonatais e nutricionais diminuíram 58,6%, de 43,8 milhões para 18,1 milhões, enquanto os DALYs totais de doenças não transmissíveis aumentaram. Os DALYs totais de lesões permaneceram razoavelmente estáveis ao longo do estudo, com a exceção do pico em 2004, correspondente ao terremoto e tsunami no Oceano Índico. As três principais causas de DALYs, em 2016, foram doença cardíaca isquêmica, doença cerebrovascular e diabetes. Os riscos dietéticos foram um dos principais contribuintes para a carga do DALY, representando 13,6% em 2016.

Em 2016, as doenças não transmissíveis englobaram seis das dez principais causas de DALY em comparação com três, no ano de 1990. As lesões na estrada passaram da nona principal causa de DALYs em 1990 e 2006 para a oitava em 2016. Foi explicado também, que a diferença nas tendências entre os DALYs totais e taxas brutas é causada pelo crescimento populacional, e a diferença entre as taxas brutas e padronizadas por idade é causada por mudanças na distribuição percentual da população por idade.

Em termos comparativos entre as Nações, o principal fator de risco na Indonésia, a alta pressão arterial sistólica, está entre as três principais causas em todos os países comparadores, exceto Índia e Tailândia. Os riscos dietéticos estão entre os cinco principais fatores de risco para todos os comparadores, enquanto a glicose plasmática em jejum alta está mais alta na Indonésia do que no resto dos comparadores. Embora o tabaco seja o quarto principal fator de risco na Indonésia, está entre os três principais riscos em todos os comparadores, exceto o Brasil e a Índia. A desnutrição infantil e materna está em quinto lugar na Indonésia, maior do que em todos os outros países comparadores, exceto a Índia.

As taxas de DALY padronizadas por idade atribuíveis à pressão arterial sistólica elevada na Indonésia estavam entre as mais altas do mundo em 2016, e as mais altas encontradas fora da Europa Oriental e Central. As taxas de DALY atribuíveis ao tabagismo foram igualmente altas. Estes riscos são particularmente preocupantes à luz do número crescente de acidentes vasculares cerebrais e infartos do miocárdio, impulsionados em grande parte pelo crescimento populacional e envelhecimento da população. A Indonésia ainda não assinou a Convenção-Quadro para Controle do Tabaco da OMS – o único país da Ásia e um dos nove no mundo a não fazê-lo. Com base nas comparações entre a Indonésia e as nações comparadoras, há claramente potencial para melhorias substanciais na saúde na Indonésia.

Ainda, os três principais fatores de risco para mortalidade prematura – pressão arterial sistólica alta, riscos dietéticos e glicose plasmática em jejum elevado – está direta ou indiretamente associado à dieta e ao estilo de vida. Em resposta a estes riscos, o governo indonésio aumentou as medidas de promoção e prevenção, incluindo o Decreto Presidencial n.º 1 (2017) para incentivar estilos de vida saudáveis, com foco em atividade física, dieta saudável e detecção precoce de problemas de saúde. São necessários esforços adicionais de redução por meio de campanhas de saúde pública, tributação e outras legislações para garantir que o ônus desses fatores de risco evitáveis ​​não continue a aumentar.

Foram deixadas algumas considerações, que em conjuntos com modelos mais integrados de prestação de serviços, uma ênfase na detecção e prevenção precoces de doenças não transmissíveis e fatores de risco pode ajudar a alterar o curso da crescente epidemia de doenças não transmissíveis e incapacidade relacionada na Indonésia. Os resultados do estudo ajudarão a identificar lacunas e desenvolver respostas em nível nacional que possam apoiar líderes e gestores subnacionais para melhorar a disponibilidade, a acessibilidade, a adequação, a qualidade e a equidade dos cuidados de saúde. Este estudo está em conformidade com as Diretrizes para Relatório de Estimativas de Saúde Exatas e Transparentes.

Por fim, como consta no artigo, o Índice Universal de Cobertura de Saúde, que mede o progresso em direção ao indicador Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da cobertura universal (indicador ODS 3.8) em uma escala de 0 a 100, coloca a Indonésia em 39. É esperado que o país continue a melhorar substancialmente, com uma classificação de índice projetada de 56 em 2030.

Sobre Ricardo Mascotto

Sou profissional de Educação Física, criador e editor de conteúdos da Coreia Oeste Saúde - Think Tank que utiliza a ciência para identificar, analisar e difundir informações de atividade física e saúde. O nome simboliza o centro entre os extremos, tendo as evidências científicas como ponto de equilíbrio; idealizador e editor de conteúdos do JSG, Jornal Saúde Global; e criador do Vizinhos Fitness no Instagram: diretrizes de atividade física para condomínios de forma simplificada. Tenho paixão pela justiça social e meus interesses primários estão na criação, desenvolvimento e rastreamento de políticas relacionadas ao tema atividade física, na educação populacional, no desenvolvimento humano, social e resolução de conflitos. Secundariamente, os meus interesses estão voltados às investigações dos sistemas globais de saúde primária, inteligência artificial, robótica e realidade virtual na saúde, nas análises de antecipações políticas internacionais, geopolítica e economia global. Enfoco no combate às disparidades do acesso à prática de atividade física e esportiva para populações vulneráveis, de minorias e no apoio à seguridade social. Como defensor da justiça social, eu gosto de ver pessoas livres, saudáveis, felizes, incluídas e/ou integradas e críticas em um ambiente justo, respeitoso e seguro.

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