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Atividade Física, Esporte e Nutrição, Guerras, Segurança Internacional e Terrorismo, Saúde Global

Doenças crônicas e mortes aumentaram devido aos conflitos armados no Oriente Médio

Para enfrentar o aumento das doenças crônicas, são necessárias dietas mais saudáveis, práticas de atividade física e melhor acesso aos cuidados de saúde. Entretanto, ambos os acessos são improváveis onde houver conflitos.

oriente médio

Por Ricardo Mascotto

Foi publicado (01/08) na Nature, um artigo que retrata a realidade no Oriente Médio sob as óticas de mortes por doenças crônicas e por guerras e conflitos armados. Nessa Região, foi apontado que as doenças crônicas estão crescendo, sendo a doença cardiovascular a maior assassina, assim como em todo mundo. Em termos de mortes por eventos como guerra, terrorismo e punição sancionada pelo estados por crimes, houve um aumento de 1,027%

Em 2015, as doenças cardiovasculares, como acidentes vasculares cerebrais, foram responsáveis ​​por 34% de todas as mortes na região do Oriente Médio. Isso é um ligeiro aumento em relação ao valor de 1990 de 30%. E, no mesmo ano, cerca de 144 mil pessoas da região do Oriente Médio morreram por causa dessa violência coletiva. Entre 1990 e 2015, no caso das mortes resultantes da violência, houve um aumento de 850%. Para especialistas, para enfrentar o aumento das doenças crônicas, são necessárias dietas mais saudáveis, práticas de atividade física e melhor acesso aos cuidados de saúde. Entretanto, os mesmos afirmam que ambos os acessos são improváveis onde houver conflitos. Ou seja, o aumento das taxas de doenças crônicas e as mortes por violência só podem ser enfrentadas se os conflitos e guerras acabarem. “Gerações de pessoas estão sendo expostas a muitos choques que afetarão a saúde durante toda a vida”, diz Ali Mokdad, epidemiologista do Instituto de Medição e Avaliação da Saúde (IHME) da Universidade de Washington, em Seattle, e co-autor do estudo.

Para realizar análises focadas no Oriente Médio, os autores coletaram informações da mídia, funcionários do governo e pesquisadores de universidades, entre outras fontes. Eles usaram modelos matemáticos para extrapolar nos casos em que os dados eram limitados. Para os países que não acompanharam as taxas de tabagismo, por exemplo, a equipe estimou a prevalência do tabagismo usando um modelo que incluía dados sobre taxas de câncer de pulmão, renda e educação.

Consta nas análises, uma deterioração preocupante na saúde em uma região do Oriente Médio amplamente definida, que inclui 22 países – incluindo Afeganistão, Iraque, Síria, Somália e Emirados Árabes Unidos – que abrigam mais de 580 milhões de pessoas.

Comentário:

É sabido que existem medidas que se podem tomar ao longo da vida para manter vidas mais produtivas e saudáveis, reduzir o risco de desenvolver condições de doenças não transmissíveis, quedas e gerenciar melhor a saúde. Entretanto, em ambientes com poucos recursos, dados demográficos recentes e confiáveis ​​em escalas subnacionais podem faltar frequentemente. Dados populacionais, seja na esfera social, saúde ou econômica, podem estar desatualizados, imprecisos ou ausentes em determinados grupos ou áreas-chave, ou até mesmo incompletos. As altas taxas de migração e crescimento urbano tornam os dados existentes rapidamente desatualizados.
Os dados precisos da população nos níveis locais são fundamentais para uma ampla gama de aplicações por governos, organizações não-governamentais e empresas, incluindo planejamento e prestação de serviços, preparação de eleições, estimativa de populações em risco de doenças não transmissíveis, incapacidade funcional, doenças mentais, mortalidade precoce ou riscos e operações de socorro, até mesmo, apontar a necessidade de construção de casas adaptadas.

A agitação civil em andamento, a instabilidade política, guerra e terrorismo podem impedir o planejamento e a implementação de intervenções relacionadas à atividade física e saúde. Os dados que são normalmente coletados, possuem diferentes escalas geográficas e períodos de tempo, com mais ou menos métricas. Não me refiro necessariamente ao estudo em questão.

Não se pode fazer afirmações sobre uma determinada população com dados de outra, e vise e versa, pois realidades podem ser diferentes, principalmente nos países do Oriente Médio. Os resultados podem afetar as estimativas da taxa per capita, mudar a representação política e reivindicações de poder ou recursos.

Viver por mais tempo não significa uma vida de dor e/ou de péssima saúde.
Dados fortes para as políticas de atividade física e saúde são mais que necessários. Mas, em primeiro lugar, no caso de parte dos países da região do estudo, a resolução de guerras, conflitos armados e terrorismo está em primeiro lugar para qualquer intervenção de atividade física e saúde ocorrer.

 

Sobre Ricardo Mascotto

Sou profissional de Educação Física, criador e editor de conteúdos da Coreia Oeste Saúde - Think Tank que utiliza a ciência para identificar, analisar e difundir informações de atividade física e saúde. O nome simboliza o centro entre os extremos, tendo as evidências científicas como ponto de equilíbrio; idealizador e editor de conteúdos do JSG, Jornal Saúde Global; e criador do Vizinhos Fitness no Instagram: diretrizes de atividade física para condomínios de forma simplificada. Tenho paixão pela justiça social e meus interesses primários estão na criação, desenvolvimento e rastreamento de políticas relacionadas ao tema atividade física, na educação populacional, no desenvolvimento humano, social e resolução de conflitos. Secundariamente, os meus interesses estão voltados às investigações dos sistemas globais de saúde primária, inteligência artificial, robótica e realidade virtual na saúde, nas análises de antecipações políticas internacionais, geopolítica e economia global. Enfoco no combate às disparidades do acesso à prática de atividade física e esportiva para populações vulneráveis, de minorias e no apoio à seguridade social. Como defensor da justiça social, eu gosto de ver pessoas livres, saudáveis, felizes, incluídas e/ou integradas e críticas em um ambiente justo, respeitoso e seguro.

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